Francisca António Ganga não queria acreditar quando uma vizinha entrou a correr na sua casa e, ofegante, anunciou a morte do marido. Decidiu ir para o local. Ao chegar, constatou algo pior ao esperado. Ele não estava apenas morto. O seu corpo estava quase irreconhecível dado o número de balas recebidas.
Foi um choque para ela. Pior foi, ainda, quando da boca dos vizinhos ouviu tudo quanto se tinha passado. Enquanto saíam, ele e o amigo que o tinha ido buscar à casa, uma carrinha de marca Toyota Hilux, de cor branca, impediu a marcha do Toyota Corolla no qual seguiam Domingos Francisco João, seu marido, e o companheiro Domingos Fonseca Mizala.
Do carro, segundo relata a esposa, desceram vários indivíduos, todos de arma em punho e dispararam contra a viatura ocupada pelos dois oficiais. Um deles, inclusive, ainda foi a tempo de subir sobre o capô da viatura, de onde efectuou disparos directos contras vítimas. Eles não tiveram outra sorte. “Morreram mesmo ali”, conta.
Ela conta os factos com lágrimas dos olhos, sobretudo pela forma “bárbara”, nas suas palavras, como o marido foi morto, 20 minutos depois de ter abandonado a residência do casal.
Antes de sair de casa, revela, ele ainda a pediu para que tratasse da roupa dele, sobretudo na camisa. “Não tínhamos luz em casa”, indica Francisca. “Por isso fui engomar em casa de uma vizinha”.
Ao regressar à casa, deparou-se com um Prado, um todo o terreno da marca Toyota, de cor cinzenta, com dois ocupantes mestiços no seu interior. Não deu muita importância, afinal, poderia ser só mais um carro. Infelizmente não era. “Não vi bem a cara das pessoas, sei que eram, ambos, corpulentos, mas um parecia mais novo que outro”, esforça para lembrar.
Foi quando ele saiu de casa, em companhia do amigo que o foi apanhar e que acabou, também, morto, 20 minutos depois de deixaram a casa. Antes de tudo isso, ela insiste, o marido estava calmo. “Não tinha como prever o que se passava, afinal ele não mostrava qualquer sinal de preocupação”.
Talvez para proteger, ele nunca falou com ela sobre as pressões que vivia, os motivos que o levaram à cadeia. E ela, por respeito, também nunca perguntou. Só no dia do assassinato ela entendeu o que passava, já que, afinal, o marido tinha como confidente uma das filhas. A ela, ele tinha entregue um envelope para que entregasse a um tio, irmão do malogrado, se algo de mau lhe acontecesse. E foi o que ela fez. Francisca diz que, ao longo de todo esse tempo, já foi ouvida por mais de quatro vezes na Procuradoria Militar.
Como se não bastasse a dor pela brutalidade com que foi morto o esposo, ela tem, ainda, de fazer contas à vida para sustentar a extensa prole que ele deixou. São 10 filhos, um deles, de apenas alguns meses de vida, que mal pode conhecer o pai. “Estava grávida quando ele morreu”, conta.
É, justamente, dele que cuidava no dia em que a encontramos. Saía do Hospital Pediátrico com o Kenio, nome do rapaz, ao colo. O filho, segundo diz, sofre de algumas sequelas da gravidez conturbada que teve, em função da morte do esposo. “Estou a pagar por tudo isso”, refere, entristecida.
Mas os problemas, que enfrenta, não são apenas esses. Aliás, eles se multiplicaram desde a morte de Domingos. Desde a educação dos filhos, que tiveram de deixar de estudar, à casa arrendada, no Zango, que teve de ser abandonada por falta de condições de pagamento. Hoje Francisca vive com os filhos em casa da sua irmã, a cargo de quem está o sustento de tão numerosa família.
Ela, até, podia vender o carro do marido para ganhar algum sustento. Mas este está apreendido, desde Outubro, num parque, no Quilometro 30, para onde foi levado depois de retirado da oficina do mecânico. Mas as dificuldades são, ainda, maiores por sentir-se abandonada, inclusive pela Polícia Nacional, que nem sequer paga os salários devidos. “Estamos a passar fome”, revela ao apelar. “precisamos de ajuda urgente”.
Cristina, esposa de Domingos Mizala, conta que chora todos os dias desde a morte do marido que a deixou com 17 filhos.
Foi um choque para ela. Pior foi, ainda, quando da boca dos vizinhos ouviu tudo quanto se tinha passado. Enquanto saíam, ele e o amigo que o tinha ido buscar à casa, uma carrinha de marca Toyota Hilux, de cor branca, impediu a marcha do Toyota Corolla no qual seguiam Domingos Francisco João, seu marido, e o companheiro Domingos Fonseca Mizala.
Do carro, segundo relata a esposa, desceram vários indivíduos, todos de arma em punho e dispararam contra a viatura ocupada pelos dois oficiais. Um deles, inclusive, ainda foi a tempo de subir sobre o capô da viatura, de onde efectuou disparos directos contras vítimas. Eles não tiveram outra sorte. “Morreram mesmo ali”, conta.
Ela conta os factos com lágrimas dos olhos, sobretudo pela forma “bárbara”, nas suas palavras, como o marido foi morto, 20 minutos depois de ter abandonado a residência do casal.
Antes de sair de casa, revela, ele ainda a pediu para que tratasse da roupa dele, sobretudo na camisa. “Não tínhamos luz em casa”, indica Francisca. “Por isso fui engomar em casa de uma vizinha”.
Ao regressar à casa, deparou-se com um Prado, um todo o terreno da marca Toyota, de cor cinzenta, com dois ocupantes mestiços no seu interior. Não deu muita importância, afinal, poderia ser só mais um carro. Infelizmente não era. “Não vi bem a cara das pessoas, sei que eram, ambos, corpulentos, mas um parecia mais novo que outro”, esforça para lembrar.
Foi quando ele saiu de casa, em companhia do amigo que o foi apanhar e que acabou, também, morto, 20 minutos depois de deixaram a casa. Antes de tudo isso, ela insiste, o marido estava calmo. “Não tinha como prever o que se passava, afinal ele não mostrava qualquer sinal de preocupação”.
Talvez para proteger, ele nunca falou com ela sobre as pressões que vivia, os motivos que o levaram à cadeia. E ela, por respeito, também nunca perguntou. Só no dia do assassinato ela entendeu o que passava, já que, afinal, o marido tinha como confidente uma das filhas. A ela, ele tinha entregue um envelope para que entregasse a um tio, irmão do malogrado, se algo de mau lhe acontecesse. E foi o que ela fez. Francisca diz que, ao longo de todo esse tempo, já foi ouvida por mais de quatro vezes na Procuradoria Militar.
Como se não bastasse a dor pela brutalidade com que foi morto o esposo, ela tem, ainda, de fazer contas à vida para sustentar a extensa prole que ele deixou. São 10 filhos, um deles, de apenas alguns meses de vida, que mal pode conhecer o pai. “Estava grávida quando ele morreu”, conta.
É, justamente, dele que cuidava no dia em que a encontramos. Saía do Hospital Pediátrico com o Kenio, nome do rapaz, ao colo. O filho, segundo diz, sofre de algumas sequelas da gravidez conturbada que teve, em função da morte do esposo. “Estou a pagar por tudo isso”, refere, entristecida.
Mas os problemas, que enfrenta, não são apenas esses. Aliás, eles se multiplicaram desde a morte de Domingos. Desde a educação dos filhos, que tiveram de deixar de estudar, à casa arrendada, no Zango, que teve de ser abandonada por falta de condições de pagamento. Hoje Francisca vive com os filhos em casa da sua irmã, a cargo de quem está o sustento de tão numerosa família.
Ela, até, podia vender o carro do marido para ganhar algum sustento. Mas este está apreendido, desde Outubro, num parque, no Quilometro 30, para onde foi levado depois de retirado da oficina do mecânico. Mas as dificuldades são, ainda, maiores por sentir-se abandonada, inclusive pela Polícia Nacional, que nem sequer paga os salários devidos. “Estamos a passar fome”, revela ao apelar. “precisamos de ajuda urgente”.
Cristina, esposa de Domingos Mizala, conta que chora todos os dias desde a morte do marido que a deixou com 17 filhos.
Em linguagem comum, diz-se que Domingos Fonseca Mizala apanhou por tabela. Ou que estava na hora errada, no local errado. Quem paga, agora, é a sua família. A esposa Cristina Armando Kassange conta que, sete meses depois do assassinato do marido, a família vive muitas dificuldades. Afinal, não é fácil cuidar de 17 filhos, sozinha.
É assim que ela vive. Além dos filhos do casal, ela tem, ainda, de cuidar dos outros filhos dele, que não são dela. Quando a encontramos, na última terça-feira, 24, ela cuidava do pequeno Adão, de seis anos, que se tinha magoado numa perna enquanto jogava a bola na rua.
Fazia de enfermeira. Hospital? “Como, se mal temos dinheiro para comer?”, perguntou ao repórter que a questionou a respeito. A última refeição que tiveram foi na segunda-feira, à tarde. A família tinha já passado a noite de segunda-feira e a manhã de terça, sem comer. Pensar em arranjar dinheiro para ir a um posto médico, ainda que, só para pagar o transporte é, para aquela família, um luxo.
E tem sido assim desde que Domingos Fonseca Mizala foi assassinado. Para não variar, os miúdos deixaram de ir à escola, “por falta de pagamento das propinas”, vivem agora em casa sem electricidade, “esta foi cortada, por falta de pagamento”. E as crianças vivem assim, segundo a mãe, tal como as encontramos: maltrapilhas, a correr de um lado para outro.
O pior, segundo conta, é quando eles adoecem. “No hospital sou abandalhada”, explicou, afinal, sem dinheiro “não se pode fazer nada”. Mesmo quando sou atendida e, de receita em punho, tenho de recorrer a um irmão para que possa comprar os medicamentos.
No dia 20 de Abril, ela foi ouvida na Procuradoria Militar. Disse ter saído de lá com o coração aliviado, já que os investigadores prometeram “haver justiça” contra os que mataram “o meu marido”. Ela está a espera. “Disseram que, brevemente, me chamariam para acompanhar o julgamento e que os culpados pagariam pelo crime”.
É tudo quanto precisa. “Choro todos os dias, clamo à Deus e quero que as pessoas que mataram o inocente, o meu marido, e que me estão agora a causar tanto sofrimento, paguem pelo crime”, apontou. A conversa não pode continuar. Entre um soluço e outro, lá Cristina desatou aos choros, comovendo todos quanto acompanhavam a curta entrevista.
Ela disse sentir-se abandonada pelo Ministério do Interior que, até agora, não paga os salários do marido. “Até os amigos deixaram de nos procurar”, lamenta ao referiur que já bateu em muitas portas, mas diz sentir-se, sempre, abandalhada por quem ela contacta. Na empresa, segundo disse, mandaram ir para o banco e, no banco, mandaram ir para o tribunal de menores. Ali, mandam voltar hoje e amanhã. “A verdade é que, até agora, nada avança”.
É assim que ela vive. Além dos filhos do casal, ela tem, ainda, de cuidar dos outros filhos dele, que não são dela. Quando a encontramos, na última terça-feira, 24, ela cuidava do pequeno Adão, de seis anos, que se tinha magoado numa perna enquanto jogava a bola na rua.
Fazia de enfermeira. Hospital? “Como, se mal temos dinheiro para comer?”, perguntou ao repórter que a questionou a respeito. A última refeição que tiveram foi na segunda-feira, à tarde. A família tinha já passado a noite de segunda-feira e a manhã de terça, sem comer. Pensar em arranjar dinheiro para ir a um posto médico, ainda que, só para pagar o transporte é, para aquela família, um luxo.
E tem sido assim desde que Domingos Fonseca Mizala foi assassinado. Para não variar, os miúdos deixaram de ir à escola, “por falta de pagamento das propinas”, vivem agora em casa sem electricidade, “esta foi cortada, por falta de pagamento”. E as crianças vivem assim, segundo a mãe, tal como as encontramos: maltrapilhas, a correr de um lado para outro.
O pior, segundo conta, é quando eles adoecem. “No hospital sou abandalhada”, explicou, afinal, sem dinheiro “não se pode fazer nada”. Mesmo quando sou atendida e, de receita em punho, tenho de recorrer a um irmão para que possa comprar os medicamentos.
No dia 20 de Abril, ela foi ouvida na Procuradoria Militar. Disse ter saído de lá com o coração aliviado, já que os investigadores prometeram “haver justiça” contra os que mataram “o meu marido”. Ela está a espera. “Disseram que, brevemente, me chamariam para acompanhar o julgamento e que os culpados pagariam pelo crime”.
É tudo quanto precisa. “Choro todos os dias, clamo à Deus e quero que as pessoas que mataram o inocente, o meu marido, e que me estão agora a causar tanto sofrimento, paguem pelo crime”, apontou. A conversa não pode continuar. Entre um soluço e outro, lá Cristina desatou aos choros, comovendo todos quanto acompanhavam a curta entrevista.
Ela disse sentir-se abandonada pelo Ministério do Interior que, até agora, não paga os salários do marido. “Até os amigos deixaram de nos procurar”, lamenta ao referiur que já bateu em muitas portas, mas diz sentir-se, sempre, abandalhada por quem ela contacta. Na empresa, segundo disse, mandaram ir para o banco e, no banco, mandaram ir para o tribunal de menores. Ali, mandam voltar hoje e amanhã. “A verdade é que, até agora, nada avança”.
fonte: club-k
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