Em Setembro foram assinalados rumores (AM 598) de acordo com os quais o general Nunda se encontrava desapontado no exercício do cargo e ponderava demitir-se (não foram, porém, apontadas razões do intento). Reconsiderou, no seguimento de manifestações de apoio do PR, José Eduardo dos Santos (JES) e dos chefes militares (AM 602).
O ministro da Defesa é identificado como “culpado” do mau relacionamento com os chefes militares, devido a manifestações de sobranceria pessoal e de tendências de intromissão nas competências estritas dos mesmos – no caso das competências de natureza operacional, usando expedientes considerados ilusórios.
2 . Raramente se faz presente em reuniões para as quais convoca os chefes militares cumprindo horários previamente estabelecidos – o que os mesmos interpretam como manifestações de desconsideração pessoal. Num caso, considerado extremo, compareceu às 11:00 numa reunião marcada para as 07:00.
Entre os casos de intromissão do ministro da Defesa na esfera de competência dos chefes militares, foram registados recentemente os seguintes:
-Ordenou a demissão do comandante do Instituto Superior Técnico Militar (ISTM), general Jaime Vilinga, com base na acusação de que não soube enfrentar uma manifestação de indisciplina do corpo de alunos (acto colectivo de não comparência nas aulas); nomeou, em seu lugar, o adido militar na Namíbia, brigadeiro Manuel da Conceição.
-Em fins de Setembro, tomou a iniciativa de convocar os oficiais generais da guarnição de Luanda para uma reunião nocturna, no Vale Paraíso, Ambriz, onde se encontram estacionadas as forças da reserva estratégica das FAA.
O CEMG encontrava-se ausente do país à data em que o ministro, excedendo nitidamente as suas competências, assinou o despacho ordenando a demissão do comandante do ISTM. Só teve conhecimento da mesma através de um contacto telefónico do CEM do Exército, general Jorge Barros “Nguto” – que o substituía.
A decisão acabaria por ser anulada pelo próprio ministro no seguimento de uma “reclamação” dos generais Nunda e JB “Nguto”. Ambos apresentaram-se ao ministro indagando se ainda se mantinham em funções ou se já se encontravam demitidos – por reflexo da desautorização de que se sentiram objecto no episódio da demissão do comandante do ISTM.
Cândido Van-Dúnem justificou-se invocando argumentos como uma má organização do seu gabinete, embora se saiba que presta diminuta atenção a pareceres e recomendações que lhe são feitas pelos seus conselheiros e assessores, entre os quais se encontram alguns considerados experientes, como os generais Dinho Martins e Renato Campos.
A convocatória dos generais para Vale Paraíso, criou aparentemente alguns embaraços ao ministro tendo em conta circunstâncias como o facto de se tratar de uma reunião nocturna e de se estar, à data, a atravessar uma conjuntura política tensa. Há indicações de que os chefes militares, convocados, terão inquirido se JES estava a par da iniciativa.
3 . Cândido Van Dunem, vulgo “Candinho”, oriundo da arma de artilharia, tem laços de parentesco e amizade com o general Manuel Helder Vieira Dias “Kopelipa”, chefe da Casa Militar da PR. Era, antes, adido militar em Washington. Na sua escolha não foram observados critérios até então determinantes (as expectativas recaíam então no general Salviano de Jesus “Kianda”)
Não é reconhecida ao ministro apetência para as questões administrativas e financeiras que constituem o grosso das suas competências. Estas compreendem, entre outras, a tutela de empresas do sector tais como Simportex, Aerovia e Ecomed. Também está sob sua alçada a Caixa Social das FAA (mau relacionamento com o respectivo chefe, general João Luis Neto “Xietu).
A Simportex é a mais importante das referidas empresas. Procede à importação de equipamento geral destinado às FAA, embora só compita ao Ministério da Defesa a celebração dos contratos. As operações de aquisição propriamente ditas competem à Casa Militar da PR. A Aerovia é uma empresa de construção e a Ecomed de produtos farmacêuticos.
fonte: club-k.net
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