segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Ex-consumidor de drogas afirma Polícia facilita o tráfico


A venda de drogas no bairro Malaginho, município do Kilamba Kiaxi, é feita por estrangeiros, maioritariamente congoleses democratas, vulgo langas, com o conhecimento e conivência da polícia local; a acusação é de Simão Balila, ex-consumidor e morador do bairro citado.
O negócio ilícito é praticado em plena luz do dia e com o conhecimento de agentes policiais da esquadra local, facto que origina maior insegurança nos arredores, pois, os consumidores, por necessitarem de satisfazer seus vícios, recorrem a práticas matreiras como assaltos e roubos a mão armada em residências.

“Esses langas (congoleses) que vês ai a jogarem cartas, estão a vender drogas, tipo nada. Quando eles percebem que alguém está indo pegar o mambo, eles até chamam. Os putos compram ai. Depois de drogados rompem os cubicos dos vizinhos para roubarem coisas e venderem, para, dia seguinte ou mais tarde, comprarem mais drogas, até a mim já assaltaram, por volta das 3 horas”, adiantou o supracitado.
Os narcóticos mais vendidos na zona são a cocaína (libanga) e o cannabis (liamba), vendidos a vários preços, sendo 500 kwanzas o mais alto.
Os grupos de marginais encarregados pelos distúrbios na vizinhança denominados por “Ta lembido”, “Os pandemónios”, “Os japoneses” e “Os nogueiras”, fazem-nos sem receio de represálias pelas autoridades competentes. 
Como mais uma consequência do uso de drogas, as minis lojas dos compatriotas dos vendedores de estupefacientes são as mais assaltadas. 
“Se ligamos à 7ª esquadra, para lhes falar desses madgés (pessoas), eles não vêm. Têm pactos com esses gajos, por isso não vão presos, e os dreidas (marginais) que pinam (roubam) aqui, também não demoram na kuzú (prisão)”, acrescentou.
Recentemente, malianos foram brutalmente assassinados por elementos até agora não identificados pelo comando municipal da polícia nacional. 
“O dono dessa cantina foi cortejado com catanas. Parece que os dreidas estavam bem drogados. Romperam a porta com martelos, cortaram as correntes e tudo. Levaram todo o dinheiro e alguns mambos mais. A polícia veio aqui e levou o corpo. Não fizeram mais nada”.
O “coté”, como é denominado a droga, é comercializado de forma mais leviana possível e sem interpelação pelas autoridades competentes, fazendo aumentar a falta de confiança às forças policiais por parte dos munícipes, pois o contributo prestado pelos mesmos tem caído em saco roto devido à cumplicidade dos agentes com os prevaricadores das normas jurídicas.
O ex-consumidor conta-nos em que situação deixou de fazer uso de droga. “Percebi que essa cena não leva a lado nenhum. Quando eu consumia até nem assaltava, o meu problema era gastar nas drogas o dinheiro que recebia do trabalho. Eu misturava a libanga com a liamba para dar um stresse (efeito) maior. Não parava em casa, os pais dela já reuniram comigo, mas eu não deixava. Vendia as coisas de casa. Quando o meu primeiro filho morreu, estava numa situação muito crítica, sem dinheiro algum para sustentar o óbito. Pensei bem, analisei em tudo que perdi e decidi deixar mesmo disso. Estou a 5 anos sem drogar-me e tenho tido muitos benefícios”; relatou-nos Simão Balila.

Sedrick de Carvalho e Mário William


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